Como aprendi o dobro na metade do tempo

Dicas de como consegui continuar estudando (e aprendendo) mesmo com pouco tempo. Um texto que quero deixar para minha filhas.

03/16/2019 | Categorias: Aprendizado Destaques

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Recentemente um colega veio me perguntar: como eu tinha conseguido aprender tanta coisa de áreas diferentes – como marketing, administração e programação – tendo duas filhas pequenas para ajudar a cuidar? Minha resposta o desconsertou: apenas querendo aprender.

Eu sempre fui meio CDF, confesso. Mas foi depois da faculdade que as coisas ficaram mais interessantes: Finalmente eu poderia estudar o que eu quisesse, no ritmo que quisesse. E por incrível que pareça, mesmo sem um professor para cobrar, comecei a aprender muito mais coisas e de um modo mais rápido. Virou um vício mesmo. Um assunto despertava interesse para  3 outros, que gerava curiosidade em 9 outros, que levavam a 27 novos.

A sequência só não ficava infinita pois eu sabia que precisava priorizar. Mas, ainda sim, acabei desenvolvendo algumas técnicas para aprender mais coisas, de maneira mais efetiva e em menos tempo. E são essas dicas que gostaria de compartilhar hoje.

LEMBRETE: embora estes “métodos” tenham dado certo para mim, sei que pode não funcionar com qualquer um, pois as pessoas aprendem melhor de formas diferentes. E, embora eu goste de assuntos relacionados a aprendizado, não tenho formação na área. Apenas relato aqui minha experiência. Se você for pedagogo, professor ou psicólogo, te convido a comentar sobre o que achou 😉

Tenha satisfação em aprender

Talvez a mais importante das regras. Estude o que gosta! Embora seja uma dica minha, descobri que Einsten também deu essa mesma dica a seu filho . “ Essa é a forma de aprender mais: quando está fazendo algo com tanto prazer que não se dá conta de que o tempo passou”, escreveu o cientista.

Se o que você está estudando não parece ter aplicação no que você faz (ou quer fazer), se instrutor não explica bem, se o livro está chato, ou se você simplesmente não quer estudar aquele assunto e não tem a obrigação de aprendê-lo (por causa do colégio ou faculdade)… pule fora. Simples assim.

Se você está estudando com foco na vida profissional, tem uma total liberdade de escolha sobre os temas e horários de estudo. Então tire proveito disso. Se ainda precisa estudar por obrigação, busque motivações para aprender aquele conteúdo: que benefícios terei ao dominá-lo? Onde ele pode ser aplicado?

Você tem que realmente querer saber. Ter a consciência que aquele conhecimento pode ser útil para para te ajudar a crescer na carreira ou pelo menos sobreviver na sua posição atual.  Sem saber direito a finalidade de um conteúdo, sem querer você vai repetir a história do Ensino Médio quando te forçaram aprender logaritmo sem nunca explicarem sua aplicação.

Uma dose de disciplina com gelo, por favor

Coloquei este item logo abaixo de “satisfação” propositalmente. É que precisa haver um equilíbrio entre o “quero” e o “preciso”. Como diziam nossos pais, é preciso não confundir “liberdade” com “libertinagem”.

Nem sempre um assunto será fácil de se aprender. Isso pode lhe desmotivar por um tempo. Nesses casos, tudo bem desviar o foco… Mas chega uma hora que esse desafio precisa ser encarado. Não dá para procrastinar a vida toda. Ou se você não está afim de estudar um assunto, utilize o tempo livre para estudar outro em vez de simplesmente não se dedicar a nada.

Além disso, algumas técnicas que vou ensinar aqui exigem um certo esforço. Se você não tiver paciência e força de vontade para aplicá-las, pois não vê o benefício que elas proporcionam, talvez tudo seja mais difícil.

Já dizia o poeta Renato Manfredini Júnior “disciplina é liberdade”. Respeitando a sua vontade do momento, mas sempre estudando alguma coisa nova, você continua a sempre se desenvolver, mesmo que em várias frentes.

Use velocidade rápida

Use os recursos disponíveis para ver os vídeos em velocidade acelerada. Muitos cursos online utilizam players de vídeo que já têm esse recurso e no YouTube ele é Nativo. É uma ótima ferramenta para aulas em que professor faaaaaaalaaaa… beeeeemmmmm… … …deeeevaaaaagaaaaar – ou partes da aula que você já sabe e só quer revisar.

Geralmente é possível aumentar a velocidade em 1,25 , 1,5 e 2 vezes. Quanto mais rápido a velocidade, mais rápido você termina o conteúdo. Pense: um curso que levaria 8 horas, pode ser feito em quatro! Em vez de gastar um dia inteiro, você precisará apenas de uma manhã.

Provavelmente aconteça com você o que acontece comigo: depois de alguns  minutos escutando o vídeo em velocidade rápida, quando voltar para velocidade normal ou trocar de vídeo, vai pensar “nossa! Como essa pessoa fala devagar!”. Isso porque seu cérebro rapidamente se acostuma com a nova intensidade de informação.

Além do YouTube, outras plataformas de vídeo também contam com o recurso. Mas, em alguns casos, a ferramenta  simplesmente não aparece, pois quem postou o vídeo optou por esconder alguns comandos – acontece muito com vídeos hospedados no Vimeo.

Para esses casos, a dica de ouro é instalar um extensão do Google Chrome (versão desktop) que permite aumentar a velocidade ou mesmo pular trechos do vídeo.

Dica: veja um tutorial de como instalar clicando aqui

Toda hora livre é hora de aprender

Todos os princípios deste texto serão de pouca serventia se você não aproveitar todos os intervalos de tempo disponíveis para aprender.

Para melhor assimilar esse tópico – que também é um dos mais importantes – queria reproduzir um conto que me influencia desde a adolescência. (Não sei se é bem assim, mas vou contar da forma que lembro).

Certa vez, um aprendiz queixou-se ao seu mestre que já tinha muitos compromissos e que não conseguia tempo para as leituras exigidas. O mestre, então, pegou uma jarra e encheu de pedras grandes. E perguntou ao jovem: “essa jarra está cheia?”. O jovem disse: “obviamente”. O mestre, então, pegou cascalho – com pedras menores – colocou na jarra e chacoalhou, fazendo com que as pedrinhas descessem e ocupassem os espaços entre as pedras maiores. Então voltou a perguntar: “a jarra está cheia?”. “Sim, agora está mesmo cheia”, disse o jovem. O mestre dessa vez pegou areia e colocou  no pote, repetindo o processo. A areia,  assim como as pedras, ocupou os espaços vagos. O mestre voltou a repetir a pergunta. O aprendiz respondeu “agora sim, com certeza está cheia”. O chefe por fim pegou água e colocou na jarra, fazendo com que grande parte do líquido pudesse ser inserido até que chegasse à borda.

A lição desse conto é de que sempre há pequenos espaços vazios entre nossos compromissos. E a soma desses pequenos espaços pode fazer com que muito conteúdo possa ser encaixado.

Pense bem: como você ocupa o seu intervalo do almoço? O que faz no trajeto entre sua casa e o trabalho? Em vez de ficar no Facebook enquanto janta, porque não assistir a uma aula ou ler algumas páginas de um livro?

Eu, por exemplo, já fiz alguns cursos apenas escutando o áudio dos vídeos enquanto dirigia. E também já li diversos livros no intervalo do almoço. E o mais legal: com pequenos intervalos é mais fácil você manter a motivação.

Hoje em dia algumas plataformas de cursos online até oferecem a opção de baixar o curso para assisti-lo offline, quando você estiver fora do wifi, facilitando assim ver em qualquer lugar que o tempo permitir: fila de banco, no ônibus etc. 

Outra boa opção para quem passa muito tempo fora de casa são os livros digitais , principalmente os no formato ePub, que se adaptam o tamanho da tela do celular, tablet ou leitor de livros digitais. Alguns inclusive proporcionam aumento do tamanho da fonte e a diminuir a quantidade de textos que aparece na tela por vez. E esses recursos ajudam a facilitar a leitura. Eu também costumo colocar no Google Drive (um HD virtual) e-books e apostilas que quero ler,  para assim poder acessar  de qualquer computador ou dispositivo móvel.

Na falta dos recursos acima,  o bom e velho livro impresso já ajuda. Desde que você se lembre de deixá-lo sempre na bolsa ou mochila. Há ainda a opção dos audiobooks, mas infelizmente a variedade de títulos em português ainda é pequena.

Não se preocupe se você não conseguir estudar muitas horas por dia. Tenha em mente que o importante é sempre continuar evoluindo, ser hoje melhor do que ontem e amanhã melhor do que hoje – mesmo que seja um pouco por vez.

Primeiro contato? Não precisa aprender tudo de primeira…

Um princípio interessante para quem está estudando sozinho coisas novas, principalmente em uma área diferente, é trabalhar com conceito de “camadas de conhecimento”.

Neste conceito , é preciso entender que temos três níveis de compreensão: superficial , média e pleno domínio.

Utilizo muito esse conceito quando faço cursos na área de programação. Muitas vezes tenho que aprender sobre assuntos completamente novos e, por isso,  difíceis. No colégio ou faculdade, você é obrigado a sair do total desconhecimento sobre um assunto para o pleno domínio de em um intervalo de dias ou semanas. O que eu percebi é que , nesses casos, não absorvemos direito grande parte dos conhecimentos.

Já quando você estuda sozinho, com foco na aplicação profissional, o que importa é o que você conseguirá fazer com aquele conhecimento e não só o que você decorou. Por isso eu busco sempre ter um primeiro contato superficial com o assunto novo,  conhecer a sua estrutura, suas aplicações, fazer conexões com assuntos relacionados que já aprendi etc.

É um nível de conhecimento que não te possibilita colocar em prática, mas sim conversar com alguém da área e também identificar os pontos mais importantes para seu futuro uso. No meu caso, por exemplo, como gestor eu não chego a programar (apenas por hobby), mas ao ter um conhecimento básico sobre certo assunto, consigo entender uma questão técnica colocada por um profissional da área e até propor soluções. Já programar ficaria para o segundo e o terceiro nível de conhecimento.

Outro exemplo: se ao fazer um curso numa área nova você der uma lida superficial e assistir aos vídeos rapidamente – sem se preocupar em ter entendido bem todos os pontos -, quando você for dar uma segunda passada, verá que alguns pontos antes obscuros agora já estão mais claros e conseguirá se aprofundar um pouco mais.

Nesse ponto, o recurso de poder ver o vídeo em velocidade rápida é muito útil, principalmente quando você já está com um certo domínio do assunto.

 

Resumo sim, senhor!

Acredite: você vai esquecer grande parte do que aprendeu. Principalmente se não tiver oportunidade de colocar em prática logo na sequência e continuar utilizando por um tempo. Então, se for um conteúdo longo ou complexo, quando quiser recapitular vai ter que ler tudo de novo. Se for algo que você apenas esporadicamente utiliza, vai perder tempo lendo novamente todas as vezes.

Por que, então, já na primeira não fazer um resumo? Com ele será muito mais fácil capitular um conteúdo já aprendido.

Além disso,  quanto você resume, você se força a prestar mais atenção no conteúdo, pois sabe que terá que reproduzir de maneira compacta aquelas informações. Em vez de um aprendizado passivo e descompromissado, trabalha uma aprendizagem ativa, pois só quem entendeu BEM consegue resumir. Pode inclusive ir adicionando ao seu resumo exemplos que pensou quando leu o conteúdo (fazendo relações com experiências e conteúdos interiores). Ou ainda fazer anotações para si mesmo.

Uma observação importante é a do tamanho do resumo. Gosto da regra 10 por 2: A cada 10 páginas lidas, escrever no máximo duas de resumo. Mais do que isso você deve estar apenas copiando, sem filtrar o que realmente importa. Mas essa regra é para leituras de profundidade média ou avançada. Se for uma primeira leitura superficial, meia página a cada 10 lidas basta.

Recomendo também fazer resumos eletrônicos em qualquer editor de textos, sejam eles no computador ou dispositivos móveis. Primeiro porque você não vai perdê-los, como é o caso dos tradicionais resumos em papel. Segundo porque você conseguirá consultá-los de qualquer lugar que necessitar. Nunca se sabe quando você estará no trabalho e precisará relembrar rapidamente aquele assunto que viu há três anos. Terceiro porque no papel é muito mais difícil, senão impossível, inserir mais informações no meio do texto: se no Capítulo 5 você percebeu que algo do Capítulo 2 não recebeu a devida atenção, você terá muita dificuldade para adicionar esse conteúdo.

Gosto bastante dos recursos do Google Keep e do Google Drive de inserir o texto a partir da fala, pois tornam o processo mais rápido.  É incrível como a tecnologia avançou nesse sentido nos últimos 10 anos!

 

Sumário é seu amigo

Sumário, para mim, é o resumo do resumo. Se você nem sabe do que se trata, lembre-se das primeiras páginas de um livro onde aparece uma lista dos títulos dos capítulos e tópicos e as respectivas páginas.

Os sumários, no caso do documento do resumo, têm duas funções: a tradicional, que é ajudar a rapidamente encontrar um conteúdo; e uma outra, que é a de facilitar a organização lógica e o aprendizado.

Com ele fica muito mais fácil ver em que partes o conhecimento se divide, tratando um assunto longo em partes menores (a ideia de “dividir para conquistar”).  

Na verdade, quem cria um curso ou livro em geral já divide o conteúdo de modo a ficar mais didático. O sumário, então, serve para você prestar atenção nessa divisão que foi feita.  Se o assunto não estiver previamente dividido, será um exercício a mais para você conseguir hierarquizar as informações – e, nesse processo, vai conseguir entender ainda mais.

Veja um tutorial sobre como criar sumários clicando aqui

Bônus 1 – Como assistir vídeos mais rápido

Primeiro, veja se o player do vídeo que você está vendo já não tem o recurso de mudar a velocidade. No Youtube ele pode ser encontrado no canto inferir direito, clicando na roda dentada (imagem abaixo). Se tiver, é só colocar na imagem desejada.  Eu gosto de assistir em velocidade 1,5x (aumenta em 50% a velocidade normal). Mas vá no seu ritmo. E cada assunto pode exigir uma velocidade diferente.

 

Se esse recurso não aparecer, uma saída é instalar uma extensão do Google Chorme (só para versão desktop). Para isso:

  1. Abra o navegador Google Chorme (eu sei, é óbvio, mas não custa reforçar…)
  2. Acesse o Chrome Webstore (https://chrome.google.com/webstore/category/extensions) e procure por “Video Speed Controller”
  3. Clique em “usar no Chrome” e depois em “ativar Extensão”
  4. Um ícone aparecerá no canto superior direito do Chrome
  5. Agora, na maioria dos vídeos aparecerá as opções de velocidade do plugin no canto superior esquerdo
  6. Dá para controlar a velocidade usando o mouse. Mas nem sempre é prático, pois o menu some fácil. Então, deixo também alguns comandos de teclado bem úteis:
    – Aumentar a velocidade em 10%: D (aperte mais uma vez para aumentar 20% e assim por diante)
    – Reduzir a velocidade em 10%: S (aperte mais uma vez para reduzir 20% e assim por diante)
    – Avançar vídeo 10 segundos: X
    – Voltar vídeo 10 segundos: Z
    -Pausar: barra

Bônus 2 – Como criar (e usar) sumários

O  processo de criar e usar sumários tem as seguintes etapas:

  1.  Formatar as seções de forma correta (Título 1, Título 2 etc)
  2. Inserir o sumário
  3. Atualizar o sumário a cada nova inserção/exclusão
  4. Usar o sumário para agilizar a navegação

(antes e seguirmos, notou que usei a técnica da “primeira passada superficial” aqui? hein ? hein? 😀 )

1- Formatar as seções de forma correta

No Google Drive/Docs:

  • Selecione um item de seção e vá até a caixa de configuração de estilos. Selecione o nível adequado (Título 1 pra mais elevado, Título 2 para segundo mais elevado etc)
  • A aparência da seção irá mudar

 

No Word:

  • Selecione um item de seção e vá em “Página inicial”. Selecione o nível adequado (Título 1 pra mais elevado, Título 2 para segundo mais elevado etc)
  • A aparência da seção irá mudar

 

2 -Inserir o sumário

No Google Drive/Docs:

  • Coloque o cursor de inserção de texto no início do documento;
  • Clique em Inserir > Sumário ,  e escolha se quer um sumário com páginas ou sem;
  • Seu sumário ficará parecido com esse:  seções com tabulações (alinhamentos), de acordo com o nível

No Word:

  • Coloque o cursor de inserção de texto no início do documento;
  • Clique no menu Referência > Sumário”e então em “Sumário Automático” (pode ser o 1 ou o 2)
  • O Sumário será inserido

 

3 – Atualizar o sumário a cada nova inserção/exclusão

Para que seu Sumário seja realmente útil, você deve atualizá-lo a cada vez que inserir, excluir ou alterar  um item.

No Google Drive/Docs:

  • Clique no na seta em forma de círculo no canto superior esquerdo do sumário

No Word:

  • Vá até o sumário e clique em cima dele
  • Clique em “Atualizar Sumário” e selecione “Atualizar o índice inteiro”

 

4 – Usar o sumário para agilizar a navegação

Um recuso que agiliza na hora de navegar pelo sumário é poder ir de qualquer lugar do documento para a página onde ele está. E ,do sumário, poder ir diretamente para a seção desejada com poucos cliques.

No Google Drive/Docs:

  • Para ir de outras partes do documento para o sumário, segure a tecla “Ctrl” e aperte a tecla “Home”. Isso o levará para a primeira página do documento, que é onde geralmente o sumário é colocado.
  • Já para ir do sumário para a parte do documento desejada, basta clicar no título da seção (dentro do sumário). Uma tooltip (“balãozinho”) com um link aparecerá. Clique no link . Pronto, você será direcionado para o local onde a seção desejada está.

 

No Word:

  • Para ir de outras partes do documento para o sumário, o processo é o mesmo: segure a tecla “Ctrl” e aperte a tecla “Home”. Isso o levará para a primeira página do documento, que é onde geralmente o sumário é colocado.
  • Já para ir do sumário para a parte do documento desejada, basta segurar a tecla “Ctrl” e clicar no título da seção (dentro do sumário).

Bem, espero ter ajudado você a ter mais eficiência em seus estudos. Se tiver outras dicas, compartilhe-as aí nos comentários!

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